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Já me desarmei!

(Um texto sobre se desarmar.)

Hoje minha prima me escreveu:

- Celio, quando você pode sair para jantar comigo? Amanhã ou quinta?
- Vish, Jé. Não tenho mais nenhum dia nessa semana. Me perdoe.
- Deixamos agendado pra 2047?
- Acho que terei uma terça livre lá.
- Ótimo, assim nossos filhos se conhecem.

Enquanto escrevo esse texto, estou sentado no meu sofá. Acabei de chegar do trabalho: 6 reuniões e head-set no ouvido o dia todo. Passei pelo drive-thru do restaurante mais vazio que achei no caminho e comprei algo para comer. Engraçado dizer isso, mas esses são os melhores dias. Gosto de pensar que algo depende crucialmente de mim.

Você lê esse texto agora e talvez suas expectativas também sejam parecidas com as minhas: você quer algo que dependa crucialmente de você. Passa despretensiosamente por estas palavras pensando aonde isso tudo vai te levar e lembra quantas vezes passou despretensiosamente pela sua história pensando por onde ela te trouxe até hoje.

Às vezes penso que a vida nos encrespou demais para acreditarmos que somos parte crucial de algo. Que seremos imprescindíveis para alguém. A tarefa mais difícil da minha geração é se desarmar. Estamos inflexíveis demais, certos demais que somos o que somos e jamais vamos mudar. Cada vez mais vejo pessoas de 25, 30 anos assumindo a falência; fracassados por uma vida que não deu certo. Não nos damos uma segunda chance. Parece que a vida é como uma arma com um só tiro; e agora já é tarde demais para tentarmos novamente.

Eu estou sentado aqui, você aí. Os meus tiros acabaram, e os seus também. Quer saber? Largue essa arma e se desarme comigo agora, veja que a vida não precisa ser tão impecável assim; Ela não se mede pelas vezes que você acertou, mas pelas vezes que voltou a tentar. Então, tente, e tente uma vez mais, até entender porque esse texto te trouxe até aqui, assim como a sua história o fez; ela te tornou crucial para você mesmo.

(Continua...)

Inspirado por: http://youtu.be/R5PIO8X458U

Celio Heitor Sordi


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