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Por bem ou por mal

Quem me conhece já sabe que eu sofro de um probleminha neurológico 'degenerativo'. O que quer dizer que meu sistema neural não age de forma normal, e que se algum dia já foi normal, com o tempo ele saiu da normalidade.
Eis que além de lidar com esta anormalidade eu ainda tenho que lidar com as consequências diárias. Fora todos meus afazeres.
A minha cabeça não consegue parar de trabalhar, e ela quase me mata.

É informação que se acumulou demais. E a consequência de ter trabalhado demais com os estímulos mentais a ponto de estar sofrendo 'desmemorizações' nos dias atuais.
Então eu estou reaprendendo o que já aprendi no passado.
(Lamentável, pense!)

Os códigos que aprendi parece ter confundido meu sistema neural a ponto de sobrecarregá-lo. A terapia é longa e através de exercícios mentais. E todo dia preciso de muita, mas muita paciência.
De duas uma: ou eu vou consertar, ou vou enloquecer de vez.
Às vezes eu sei os códigos longitudinais (distanciais) de lugares 'remotos'. Às vezes eu esqueço o nome dos meus próprios filhos.
E é assim que funciona!

Eu decidi não ser cobaia de laboratório, e me curar "sozinha". A autocura acontece com diversos processos de treinamento. Com a diferença, este ano, que eu também dispensei a ajuda de terceiros. Afinal, após quase 1 década de análise, acho que já me considero expert. Já posso dar aula no assunto, já estou formada. heheh
Enfim...

Fora isso eu vou indo, sem tantos danos. Acho que o pior já passou e eu já sinto uma melhora significativa.
Com detalhes importantes não divulgados. rs (não é pra isso que serve o blog)
Mas posso dizer que estou bem agora, fora as dilatações nas veias (mas é raro! - os casos de esquizofrenia já passaram, eu espero!).
E também acredito que o diagnóstico de um possível aneurisma (com no máximo 1 década de vida) também já mudou.
(Acredito devido a detalhes importantes que também não é pra blog)

Até 2007 estudar para mim era um sufoco. Eu ía dormir e ao invés de lembrar o que fiz por aqueles dias, eu ficava lembrando que quando eu estava estudando em sala de aula haviam detalhes que eu matutava (lembrava). Como por ex., um risco/caroço/furo/autorelevo/falha, etc, na página 127 lado inferior esquerdo de um determinado livro. Ou então ficava me vindo o dia em que eu fiz uma apresentação na escola no ano de 1993 no dia 9 de maio, fazia frio lá fora, quando a professora Helena de biologia desenhou um boneco para explicar a falta de saneamento básico, e eu olhei na janela e vi uma mancha no vidro que me lembrava um funil. Eu fui escrever alface e 'trepei' o 'c' no 'e' e então eu fui apagar, me lembrando das capas de meus cadernos.
(só um exemplo de milhões de coisas que tive em forma de lampejos)

Eu achava que era a pessoa mais consciente que existia no mundo, até descobrir que não era normal lembrar das coisas assim. Não era normal ir dormir e ficar lembrando da roupa das 20 primeiras pessoas que eu reparei no dia tal. Eu tinha memória eidética.
Foi aí que eu descobri que eu passei a minha vida INTEIRA reparando na vida passando e não vivendo. E eu só passava de ano porque eu decorava todos os quadros, e na hora da prova sabia me lembrar exatamente qual foi a hora que a professora falava sobre aquilo.
Eu passei a vida toda sem aprender nada! Dá pra acreditar nisso?
Foi o pior, pra mim, descobrir que tudo que eu havia conquistado até ali tinha sido uma "farsa". Nada eu tinha aprendido! Tudo eu tinha decorado. E quando perdi este dom eu perdi toda a informação. Imagine se puder!

E os 5 últimos anos foram tentando recuperar isso novamente. Se eu recuperasse minha habilidade eu recuperaria a memória. Difícil hein?
Ninguém sabe ainda como funciona um cérebro que troca as coisas, as informações, as memórias implicitas...

Só que aí descobrimos que à partir do momento que eu refletia sobre aquilo eu queria ir mais além. E até hoje não conseguindo me limitar no que é preciso, por querer refletir demais, eu ilimito informações (isso é péssimo, ninguém consegue aprender assim). Aí as veias incham, a cabeça fica estranha, sou obrigada a fazer alguma intervenção antes que venha o desmaio.
Como muita coisa foi decoreba, se eu perco aquela memória (coisa impossível de acontecer até um tempo atrás) eu perco a informação.
Então além de estar começando do zero nos dias de hoje, aprendendo de verdade, eu ainda tenho que manter um ritmo mental para não ficar pinel. O objetivo é aprender sem sobrecarregar (porque a coisa já tá feia).

Confesso que ainda sinto muitos medos (com isso ainda desenvolvo muita desidrose), ainda sinto muita insegurança e desconforto.
No final das contas é tentar sobreviver mas também não me matar (literalmente).
Não adianta nada me cuidar contra o aneurisma que pode levar à morte cerebral, e aí ficar esquizofrênica a ponto de cair numa depressão profunda e tentar o suicídio (pela quinta vez).
Mas desta vez posso dizer que estou bem!

EU VOU FICAR BEM! (;

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